O meu Pai

Durante os anos da minha infância e os primeiros da adolescência, o meu pai foi o meu herói. Como dizem os brasileiros, “estava com o pai, estava com Deus”.
Não duvidava de nada do que ele dizia; qualquer resposta a qualquer dúvida não tinha contestação – se o pai tinha dito...

O meu pai costumava “ prever” os vencedores dos Festivais da Canção, que nós seguíamos com uma atenção de dia de festa.
Saltava as ondas grandes connosco, dando-me uma sensação de segurança que nunca mais senti – podia saltar tudo, desde que o meu pai estivesse connosco. Até a minha mãe, sem saber nadar e aflita com a água pelo peito, se aventurava (que remédio, pois as filhas puxavam-na).
Sempre gostou de nos fazer surpresas, quer nos anos quer no Natal.

Com o crescimento as coisas foram mudando um pouco. Apercebi-me de que o meu pai, como qualquer pessoa, não é perfeito. Muito pelo contrário. Mas de uma coisa sempre tive a certeza, a de que nos ama muito. Mesmo tendo aquele ar de durão e algumas crises de má criação, tem um coração de manteiga – com jeito, conseguimos tudo (e confesso que sempre tive “jeito”).

Adora os netos, derrete-se com eles. Quando soube que o primeiro neto era um rapaz, quase chorou ao telefone. Fui mimada quando ele nasceu.

Com os seus defeitos e as suas virtudes, ele é o meu Pai. Sempre será. E eu sempre o amarei.