Sou 'galinha'.

Sempre fui. As minhas irmãs que o digam.

Era inevitável sê-lo com os meus filhos. Já fui pior (acho). Penso que, com o passar dos anos e, principalmente com o nascimento do segundo rebento, consegui aligeirar um pouco - mas só um pouco.

Quando sinto que alguém não trata bem os meus pintos, as penas começam a ficar no ar. E não se pense que falo só dos adultos, nãaaa... falo também dos que com eles convivem, os da idade deles.

O Pedro é um miúdo calmo, não gosta de confusões, não é dos mais sociáveis, daí que também não seja dos mais populares. Ele não tem o 'à vontade' para se juntar aos outros que o são e eles (obviamente) também não o chamam. Até aqui tudo bem, até porque ele acaba por se juntar aos que são como ele e fica bem.

O problema (se o for) põe-se, por ex.º, no futebol. O puto adora jogar à bola, foi um interesse que começou tarde, mas com intensidade; só que ele não é dos jogadores mais dotados. Resultado: raramente é convocado para as equipas (no ATL9 e várias vezes leva com o epíteto de 'falta de jeito' ou então éa 'chutado' para guarda-redes ou defesa.

Bem, o rapaz até começou a gostar de defender as redes, mas nem assim. Ontem, no treino, decidiu que levaria as suas luvas e seria guarda-redes; continua a não ser dos melhores e revela alguma falta de jeito, mas não há nada que não se treine, certo? O pior foi ser gozado por um dos rapazes e acusado de 'frangueiro' por outros. E, embora não se defenda, também não saiu da baliza, mantendo-se firme na sua escolha.

O pequenito estava triste. Mas se há uma coisa que admiro no meu filho é a sua resistência, e não desiste. Porque gosta e porque continua a acreditar em si. Amanhã volta a treinar com as suas luvas.

A irmã, que assistiu ao treino comigo e ouviu os desabafos do irmão, confessou-me à noite: "mãe, eu nem sei o que me apetecia fazer aos meninos que gozaram o Pedro! São mesmo uns parvalhões!"

Ela traduziu em palavras o que eu tive que controlar em mim mesma. E pelos vistos, temos galinha-junior.