7 anos de ti!!!

(Um pequeno aviso à navegação: este post é o maior que já escrevi... graaannnde)

Por esta hora (cerca da 1h da manhã) comecei a sentir uma moínha. Coisa pouca, a que não dei importância e atribui ao cansaço.

A tua avó tinha chegado de manhã e o teu pai estava há já 2 dias num exercício. Estavámos na madrugada daquele que era o 1º dia das festas maiores da Terceira e de Angra - as Sanjoaninas e estava cheia de projectos para ir ver o cortejo de abertura.

Estavámos nas 39 semanas de uma gravidez que vivi em estado de graça. Estava inchadíssima. E estava também bastante descontraída e feliz. Tão descontraída, que a mala ainda estava por fazer, embora já tivesse com tudo junto. Achava que ainda tinha imenso tempo - afinal, estava marcado para a 2ª feira seguinte, dia 21 e mesmo assim... (achava eu).

Depois de ter posto uma parte da conversa em dia com a tua avó (e minha mãe), fui deitar-me. Por volta das 3h30 da manhã acordo e tenho que ir a correr para a casa de banho... estranho... mas não tanto... volto para a cama e adormeço (ao contrário de muita gente, eu sempre dormi muitíssimo bem até ao final, sem problemas de posição sequer - uma sortuda!).

Às 4h30, acordo novamente, e tenho que correr rápido para o WC - aqui já comecei a estranhar... será??? Volto para a cama. Volto a adormecer. Começa o rodopio: acordo novamente, wc outra vez e vice-versa - sempre com muita calma e sempre a perguntar 'será???'... começo a sentir umas contracções muito ligeiras e nos intervalos durmo (mas dormia mesmo).

Acordo a tua avó? Não acordo? Decido deixá-la dormir, ela estava cansada e podia não ser nada. Começo a marcar os intervalos das contracções, à medida que as vou sentindo maoirzitas.

Às 8 h da manhã, marco 3 contracções no espaço de 10m. Ok, não há dúvidas e decido ir ter com a tua avó: 'mãe...' ela levanta a cabeça, 'acho que o Pedro quer vir mais cedo...' (nunca mais vou esquecer a cara dela) "mas o que é que sentes?" Quando lhe conto, ela dá um salto, abre muito os olhos e diz: "e só agora é que vens ter comigo????!!!"

Fui tomar o meu duche, soprando levemente a cada contracção (ainda não muito fortes). À pressa, metemos as coisas dentro da mala, escrevendo os dias da roupa com marcador nos sacos (só mesmo eu... enfim...).

Entretanto tinha metido na cabeça que iria eu a conduzir para o hospital - afinal o carro estava à porta, certo? Pois... O que vale é que a tua avó telefonou à minha madrinha (a tia O.) para nos vir buscar - é que esta tua mãezinha nem se lembrou que lhe podia telefonar e que também podia ligar ao teu avô...

Quando fiquei pronta, liguei para o quartel, para avisarem o teu pai - parte fundamental. Ele sempre disse que não queria assistir, pelo que já estava decidido que seria a tua avó a ficar comigo.

À saída, a minha empregada da altura, uma pessoa amiga, que já conhecíamos há uns anos, agarra-se a mim com um ataque de choro, tal era o nervosismo que ela sentia. Eu? Continuava calmíssima, fazendo a minha respiraçãozita e já um pouco mal disposta. E lá fomos.

À chegada à maternidade, eram cerca das 9h30, eu e a avó somos recebidas por uma médica que simpaticamente me diz: "O que está aqui a fazer?" ... (Uma grávida de barrigão, com uma mala na mão, só lá podia estra em turismo, certo? Ai se não fossem as contracçõezitas...)

Fez-me um toque para esquecer e diz que apenas tinha 2 dedos. Valeu-me a parteira que, com calma, repetiu o toque e confirmou que já eram 3 dedos. Ainda peguei no telemóvel e avisei a minha cunhada mais nova, a tia N. E levam-ma para o quarto, para fazer a dilatação, ligam-me o ctg, soros e afins.

Chega o teu pai. A tua avó literalmente empurra-o para dentro do quarto. Ele estava algo nervoso, mas contido. Diz que quando lhe disseram pensou que estavam a gozar com ele, tendo por resposta 'eu lá ía brincar com uma coisa destas, meu capitão!' - eheheheh!

Saiu o pai, entrou a avó. Sabes, se me perguntassem qual a sensação que guardo do teu parto diria que era a de muita calma... a sério. Acho que também ajuda não saber o que vem a seguir. E confiar. E nisso a ajuda da tua avó, a sua presença, foi fundamental.

Fui fazendo a respiração, com as contracções a acelerarem... bastante :) A médica entretanto foi passando, já cheia de sorrisos, simpatia e elogios. Foi quando fiquei a saber que tinha uma boa bacia.

Entretanto, deram-me uma injecção para acalmar as contracções, que surtiu efeito, mas na altura errada: a parteira (seria ela a fazer o parto, dado que a médica tinha cesarianas para fazer - o que eu agradeci) vem ver-me e diz que a tua cabecinha já está a aparecer; diz para eu faça força, mas a mão dela incomoda-me e como tinha deixado de ter vontade para fazer força... (Ela estava a ver se me fazia o parto no quarto, pois tinhas condições para nascer sem eu ter que levar pontos, mas não deu...)

Aumentam o soro e rapidamente a vontade de fazer força regressa. Ainda hoje consigo recordar com nitidez o tom de voz da tua avó 'vamos Carla, está quase, está quase'! Acho que nasceste rápido. É inesquecível a sensação de te sentir a sair e a passar nas minhas pernas. Choraste logo. Eram 12h47m, do dia 18 de Junho de 1999 - o primeiro dia do resto das nossas vidas!

E quando a parteira convidou a tua avó a cortar o cordão... 'Posso?!' - não vou esquecer nunca!

Infelizmente não me lembro de te porem no meu colo, nem ti vi, pois não tinha os óculos. Mas quando te colocaram ao meu lado na marquesa, aí sim, pude apreciar-te: eras tãoooo lindo!! Perfeitinho, carinha redonda e olhos muito abertos, que seguiam tudo, ávidos da curiosidade que te caracteriza :)

O pai veio ter connosco, limpando uma lágrimazita teimosa, inchado de orgulho.

É com muita emoção que hoje te digo PARABÉNS!!! Obrigada por estes 7 anos, pelo menino lindo que és: meigo, sensível, leal, curioso, exigente, senhor do teu nariz, susceptível. Tenho muito, imenso, orgulho em ti. Espero que um dia possas dizer o mesmo de mim.

Amo-te muito filhote! Espero que possas ser sempre muito feliz!